Em um momento em que a capacidade do governo de injetar recursos nos bancos públicos é limitada, a Fitch Ratings avalia que a necessidade de capitalização dessas instituições diminuiu, embora não descarte um eventual aporte na Caixa Econômica Federal.
Segundo os analistas Esin Celasun e Claudio Gallina, o Banco do Brasil tem mais capacidade de atingir os requerimentos mínimos de capital, considerando a implementação total das regras de Basileia 3 até 2019, sem precisar vender ativos, como participação acionária.
No estudo, a Fitch reconhece que a necessidade de capital da Caixa melhorou neste ano, em relação à situação de 2016, mas adverte que o banco estatal tem margem limitada para fazer ajustes. "A Caixa tem uma base de capital menor e rentabilidade mais baixa que a do BB. Além disso, é mais difícil para o banco ajustar sua carteira de crédito, que tem participação relevante em financiamento imobiliário", diz Esin.
O índice de Basileia da Caixa estava em 13,6% no primeiro trimestre, enquanto o do BB era de 18,15%. Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tinha índice em 21,70% em 2016. O índice de capital mínimo requerido, com a implementação total da Basileia 3 em 2019, será de 8%, devendo atingir 11,5%, com os requerimentos de adicional de conservação e sistêmico.
Os bancos públicos, segundo a Fitch, têm adotado uma postura mais conservadora na concessão de crédito e buscado reduzir os custos, focando em produtos mais rentáveis que gerem receita com tarifas. "Temos visto preocupação maior com o capital", diz Gallina.
O analista lembra que a Caixa abriu novo Programa de Demissão Voluntária (PDV), com o objetivo de cortar 5,5 mil vagas. O BB também reduziu o quadro de funcionário no fim de 2016 e fechou 563 agências no primeiro trimestre.
Já em relação ao BNDES, Gallina acredita que a expansão da carteira do banco não deve contar com novos aportes do Tesouro. "O banco deve atuar mais em parceria com os bancos privados e usar outras estruturas, com garantias, de maneira mais intensa", afirma.
Depois da inadimplência atingir níveis elevados em 2015 e 2016 nos bancos públicos, os analistas da Fitch esperam que o índice continue em níveis mais elevados que a média histórica, assim como as despesas com provisão para perdas com devedores duvidosos (PDD). "Talvez os bancos públicos precisem de mais provisão. Mas não é algo que vai trazer prejuízo grande", afirma Gallina.
Entre os riscos para essas instituições, a Fitch destaca a possibilidade de rebaixamento da nota de crédito soberana do Brasil, que teria impacto direto para os bancos públicos, e a persistência de um ambiente operacional ruim.