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06/08/2015

Caixa volta a limitar crédito imobiliário

A exceção será para os clientes que queiram um novo financiamento para comprar imóveis comerciais ou lotes urbanos para construção de moradia.

Murilo Rodrigues Alves

Com dificuldade para enfrentar a fuga de recursos da poupança, a Caixa Econômica Federal vai restringir ainda mais o acesso ao financiamento da casa própria. A partir do dia 17 deste mês, o banco estatal não vai mais liberar um novo empréstimo para a compra de imóvel novo ou usado para os clientes que ainda estão quitando uma operação anterior da mesma modalidade. Ou seja, a Caixa vai limitar em um financiamento imobiliário por cliente, mesmo que ele tenha renda para parcelar dois empréstimos simultâneos.

A exceção será para os clientes que queiram um novo financiamento para comprar imóveis comerciais ou lotes urbanos para construção de moradia. Nessas condições, mesmo já possuindo um financiamento em curso, será possível para o consumidor pegar um novo empréstimo.

A nova regra vale para financiamentos que têm como fonte os recursos da caderneta de poupança. Eles representam maisde60%dasoperaçõescontratadas no ano passado, de acordo com os dados do banco. Não houve mudança nas operações com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)e do Minha Casa Minha Vida (cuja fonte de recursos é o Orçamento da União ou o FGTS).

A Caixa afirmou, em nota, que as operações que vai restringir a partir do próximo dia 17 representam 2,4% da quantidade de financiamentos concedidos pelo banco. A instituição reiterou que seu “foco” para este ano é o financiamento de imóveis novos, com destaque para a habitação popular, por meio do Minha Casa Minha Vida, ou os que utilizam como base de crédito recursos do FGTS.

Espaço - As últimas medidas anunciadas pela Caixa e a orientação de segurar novos empréstimos, como revelou o Estado, abrem espaço para os concorrentes levarem uma parcela do mercado que o banco estatal sempre dominou.

Na concessão de novos empréstimos imobiliários, por exemplo, a Caixa já perdeu a liderança. Procurados, os principais concorrentes da Caixa – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – informaram que não houve alteração na política de financiamentoimobiliárioequeaindapermitemqueclientesquejácontrataram o crédito façam uma nova operação.

Em 2015, a Caixa elevou duas vezes as taxas de juros das operações para financiamentos de imóveis residenciais com recursos da caderneta de poupança. No ano passado, essas taxas tinham ficado congeladas durante todo o ano. Além de subir os juros, o banco também reduziu o porcentual máximo de financiamento da casa própria. O porcentual máximo do LTV– a quota de financiamento – caiu de 90% para 80%. Isso significa que, antes, a Caixa financiava até 90% do menor valor entre a avaliação e a compra e venda. Esse porcentual foi reduzido, porém, para 80%. Para contratações pelo sistema de amortização Tabela Price, a cota máxima de financiamento foi reduzida de 70% para 50%.

Maior financiador imobiliário do País, a Caixa vem adotando medidas para contornar a sangria de recursos da caderneta de poupança, a principal fonte dos financiamentos imobiliários no País. Apenas no primeiro semestre, os saques na poupança ultrapassaram os depósitos em R$ 38,5 bilhões. Uma das principais explicações é o aumento da taxa de juros básica (Selic), que já chegou a 14,25%. Com isso, os fundos de renda fixa se tornaram muito mais atraentes que a poupança, cujo rendimento tem perdido até da inflação.O governo tentou socorrer os financiamentos imobiliários com um pacote que inclui mais R$5 bilhões do FGTS (sendo R$ 4 bilhões para a Caixa e R$ 1 bilhão para o BB) e a liberação de R$ 22,5 bilhões de compulsórios, depósitos que os bancos são obrigados a manter no BC, desde que fossem usados para crédito imobiliário. 

 

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO