Último dos grandes bancos a divulgar balanço, a Caixa teve o resultado fortemente impactado pela pandemia de coronavírus. O lucro de 2020 teve a maior queda entre as principais instituições financeiras, de 37,5%, a R$ 13,169 bilhões. Ainda assim, o quarto trimestre foi mais forte e a Caixa pretende avançar com pelos menos dois IPOs de subsidiárias este ano.
A margem financeira da Caixa foi de R$ 10,585 bilhões no quarto trimestre, com alta de 10,8% no trimestre e queda de 4,5% no ano. A carteira de crédito ampla do banco chegou a R$ 787,422 bilhões em dezembro, expansão de 4,1% sobre setembro e de 13,5% na comparação com dezembro de 2019.
As provisões para devedores duvidosos ficaram em R$ 2,635 bilhões no quarto trimestre, com queda de 28,2% ante o terceiro, mas aumento de 63,9% em relação ao quarto trimestre do ano anterior. A inadimplência caiu para o piso recorde de 1,73% em dezembro e esse é um dos fatores que levam o presidente do banco, Pedro Guimarães, a dizer que, no momento, não vê necessidade de separar mais provisões para lidar com a pandemia.
Segundo ele, a grande dúvida era como se comportariam os 2,5 milhões de clientes que tiveram pausas nos seus pagamentos no ano passado, mas agora 99,7% já voltaram a pagar normalmente. Guimarães disse que a inadimplência deve subir, mas trata-se apenas de uma “normalização”, para o patamar em torno de 3%, já que atualmente ela está na mínima histórica.
A Caixa disse que contratou R$ 116,0 bilhões em operações de crédito imobiliário em 2020, o maior valor dos últimos seis anos. Além disso, cresceu 99,5% na contratação de crédito com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). “Referência em habitação no mercado, com market share de 68,8%, a Caixa realizou mais de 66 milhões de simulações e 2,8 milhões de avaliações de crédito imobiliário durante o ano de 2020”, diz.
Já a carteira de crédito comercial para pessoa jurídica cresceu 83,7% em 2020, para R$ 70,942 bilhões. O movimento foi puxado pelas linhas para micro e pequenas empresas, com destaque para os R$ 15,6 bilhões concedidos por meio do Pronampe e R$ 15,4 bilhões do FGI/Peac.
Além da pandemia, em 2020 a Caixa também teve de lidar com uma brutal queda das receitas que recebe para administrar o FGTS, em função da redução da alíquota de 1% para 0,5%. “Tivemos uma perda de R$ 2,5 bilhões na receita [com FGTS]. Tivemos R$ 13 bilhões de lucro no ano. Se desconsiderarmos o FGTS, o lucro seria algo em torno de R$ 16 bilhões”, disse.
Sobre a criação do banco digital, o presidente da Caixa afirmou que já houve autorização da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) e que agora só falta o aval do Banco Central. Ele estima que seria possível realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO) entre o fim deste ano e início de 2022, tanto na bolsa brasileira como nos EUA, em função da “valorização que se dá à questão digital” lá fora.
O que há de mais concreto para este ano é o follow-on de Banco Pan e o IPO da Caixa Seguridade, cujo prospecto preliminar já foi protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Questionado se há falta de interesse por ofertas de estatais, em função da interferência do presidente Jair Bolsonaro no comando da Petrobras, o executivo negou e disse que há grande demanda pelo IPO da unidade de seguros e espera uma captação grande no varejo (pessoas físicas).
Já uma oferta da gestora da Caixa poderia ser feita por volta de setembro e há discussões sobre um eventual IPO da bandeira de cartões Elo.