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03/01/2020

Caixa prevê devolução de mais recursos ao Tesouro

Banco vai lançar em março uma nova linha de crédito imobiliário sem correção

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro ontem, primeiro dia útil do ano, e afirmou que o banco vai devolver mais recursos para o Tesouro em 2020 e lançar em março uma nova linha de crédito imobiliário sem qualquer correção. Mesmo com essas ações, Guimarães garantiu que a Caixa continuará tendo lucro, inclusive, com um “recorde histórico” a ser divulgado nas próximas semanas.

Segundo ele, isso mostrará matematicamente que é possível trabalhar com juros baixos sem afetar a lucratividade. “Vamos anunciar um resultado recorde em termos de lucro, será o maior da história. Não posso colocar o número porque não fechou, mas será o maior lucro da história da Caixa. A gente mostra que pode reduzir juros e pode ser lucrativo ao mesmo tempo”, sublinhou.

Ele voltou a reiterar que, caso o Banco Central decida baixar ainda mais a taxa Selic, a Caixa fará o mesmo com o objetivo de repassar melhores condições aos clientes. “Quanto menor a Selic, menor o custo de funding do banco e por consequência nós, na Caixa, vamos repassar parte disso para os clientes, para a sociedade. Já ganhamos mais de 1 milhão de clientes nos últimos seis meses, desde que começamos a reduzir os juros”, disse.

Guimarães falou sobre as perspectivas do banco para este ano ao sair do Palácio do Planalto. Segundo o presidente da Caixa, ele e Bolsonaro “jogaram conversa fora”.

“Hoje, temos o crédito imobiliário ligado à TR, ligado ao IPCA, à inflação. Quando a Caixa lançou há alguns meses, o mercado criticava muito, mas hoje 16 bancos já oferecem linhas pelo IPCA. Em março, faremos uma terceira linha, sem correção nenhuma, sem TR e sem inflação. Isso é importante porque você vai poder contratar crédito imobiliário e saber quanto vai pagar pelos próximos 30, 35 anos. Essa é a melhor taxa possível para a população”, disse.

Guimarães explicou que a tendência é que essa modalidade facilite também a renegociação com clientes que já possuem algum tipo de crédito imobiliário. “Nós acreditamos que a partir de março, quando lançaremos crédito imobiliário sem nenhum tipo de correção, isso [adesão à modalidade] vai multiplicar”, destacou.

Outra iniciativa para os próximos meses é a devolução dos chamados instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD), empréstimos feitos durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. O banco já repassou aproximadamente R$ 12 bilhões ao Tesouro, mas a ideia é que a Caixa faça mais devoluções a cada trimestre.

“A gente precisa fazer operação de mercado de capitais. O IHCD a gente consegue com a operação de mercado de capitais. A gente já devolveu R$ 12 bilhões e estamos nessa discussão toda da questão do mercado de capitais. Dependemos agora muito mais das regras da CVM. Essa discussão agora é toda matemática e depende dessa discussão de mercado de capitais”, explicou o executivo. “A gente devolveu R$ 12 bilhões com o resultado até setembro de 2019. Ou seja, com o resultado até dezembro, nós teremos mais espaço para devolver. A cada trimestre, nós podemos devolver mais um valor porque dá mais lucro", disse.

O objetivo é fazer todas essas devoluções neste ano e o mais rápido possível. “[O prazo], por nós, é o mais rápido [possível]. A gente está muito preparado para essas operações”, complementou.

FONTE: VALOR ECONôMICO