Ernani Fagundes
O Bradesco aumentou suas provisões para R$ 30,5 bilhões ao final do primeiro trimestre de 2016. Esse montante destinado para cobrir eventuais calotes de devedores duvidosos é 29% maior que o mesmo período de 2015, quando estava reservado R$ 23,62 bilhões.
Em outras palavras, a instituição alocou R$ 6,88 bilhões a mais nesses últimos 12 meses para suportar o aumento da inadimplência nesse período de recessão na economia brasileira.
O diretor-gerente e de relações com investidores do Bradesco, Luiz Carlos Angelotti, esclareceu que do montante de R$ 30,5 bilhões, R$ 6,4 bilhões são de PDD excedente, e R$ 16,7 bilhões estão acima da perda líquida esperada. "A elevação da inadimplência no primeiro trimestre decorre principalmente da desaceleração da atividade econômica."
A inadimplência da carteira de crédito do Bradesco em atrasos superiores a 90 dias subiu de 3,6% em março de 2015 para 4,2% em março de 2016. Ao passo que a perda líquida livre de recuperações de crédito em 12 meses avançou de 3,3% para 3,9% em igual base de comparação. "No ano passado, a perda líquida livre de recuperações ficou entre R$ 12 bilhões a R$ 13 bilhões, na média", lembrou o executivo.
Em um cálculo projetado, a perda líquida livre de recuperações de crédito, em 3,9% da carteira atualmente, poderá alcançar o montante de R$ 13,8 bilhões nos próximos 12 meses. "R$ 16,7 bilhões é o que sobra, estão acima da PDD mínima", ressaltou Angelotti.
O total da carteira de crédito expandida do Bradesco ficou estável em 12 meses e encolheu 2,3% no trimestre para o valor de R$ R$ 463 bilhões.
Impacto no lucro - O lucro líquido ajustado recuou 3,8% para R$ 4,113 bilhões no primeiro trimestre de 2016, ante igual período do ano passado. Na teleconferência de resultados trimestrais realizada ontem, Angelotti, explicou que uma provisão maior (de 70% ou R$ 836 milhões) de uma empresa específica do setor de óleo e gás impactou no resultado final. "Não posso citar o nome da empresa (...) mas é um caso bem conhecido do mercado".
Sem esse evento específico, apontado por analistas de mercado como provavelmente relacionado a Sete Brasil, construtora de sondas da Petrobras, o Bradesco teria alcançado lucro líquido acima do registrado em igual trimestre de 2015 reportado em R$ 4,274 bilhões.
A inadimplência total no banco avançou de 4,06% em dezembro de 2015 para 4,22% em março de 2016. O maior salto ocorreu no segmento de micro, pequenas e médias empresas, cujos atrasos acima de 90 dias subiram de 5,98% no final de 2015 para 6,66% no primeiro trimestre desse ano.
Entre os indicadores positivos apresentados, Angelotti citou: receitas com conta corrente (+ 27,2%), rendas com cartões (+9,6%), consórcios (+13,9%), financiamento imobiliário (+27%), consignado (+ 12,7%), seguro saúde (+16,8%), vida e previdência (13,6%).