Beatriz Cutait
Se a melhora do mercado ainda não conseguiu estancar a saída do investidor pessoa física, tampouco foi estimulante para o lançamento de mais fundos imobiliários. De janeiro a junho, houve o registro de nove ofertas de carteiras imobiliárias na Comissão de Valores Imobiliários (CVM), em um volume total aprovado de R$ 4,032 bilhões.
O número é expressivo quando comparado ao total de 16 ofertas registradas em 2014, no valor de R$ 4,73 bilhões, mas apenas três fundos começaram efetivamente a negociar em bolsa no último semestre: LCI Premium (da Kinea), Brasil Varejo (Rio Bravo) e Bradesco Carteira Imobiliária Ativa (Bram). As duas primeiras carteiras são resquícios de operações registradas no ano passado, sendo a da Rio Bravo restrita. No início do mês, também começaram a ser negociadas as cotas do fundo Banestes Recebíveis Imobiliários, que captou R$ 50 milhões.
Na avaliação do diretor de produtos estruturados da Votorantim Asset Management (VAM), Reinaldo Lacerda, ainda há espaço para o lançamento de fundos neste ano e a própria gestora estuda contar com uma ou duas novas carteiras, dos segmentos residencial e de logística.
A Fator Administração de Recursos (FAR) também avalia fazer uma oferta ainda neste ano, possivelmente subsequente (follow-on) do fundo de fundos Fator Ifix ou da carteira de papéis Fator Veritá. Segundo o diretor da gestora Valdery Albuquerque, a operação seria mais para setembro ou outubro.
"Nós vamos encarar como um freio de arrumação o que está acontecendo no mercado. Dá uma clareada, conseguimos enxergar com mais clareza o que existe e o potencial de novas operações já olhando para 2016 e 2017", observa.
O diretor da área de fundos imobiliários da Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), André Freitas, vê espaço para o lançamento de produtos em segmentos específicos e considera que o nicho de logística tende a sofrer menos que os demais.
"Tem um movimento natural de migração dos centros de distribuição dos grandes centros urbanos para as cidades. Mesmo na crise, na recessão, você ajusta a oferta com mais rapidez, os projetos têm duração mais curta e é um segmento em que você tem uma dinâmica estrutural por trás", observa Freitas, em relação à demanda que enxerga como constante.
A Rio Bravo estuda realizar uma oferta subsequente do fundo de fundos Caixa Rio Bravo, do qual é co-gestora. E já está em curso a segunda emissão da carteira BB Recebíveis Imobiliários, em que também responde pela gestão, que poderá levantar um total de até R$ 92 milhões.
Conforme Augusto Martins, sócio da área de investimentos imobiliários, a Rio Bravo ainda aguarda as mudanças da regulamentação do setor imobiliário para voltar a discutir a fusão de dois de seus fundos - o processo de incorporação do The One pelo Renda Corporativa foi suspenso temporariamente em setembro.
Em meio ao cancelamento de quatro fundos listados no primeiro semestre - Santander Recebíveis Imobiliários, Mais Shopping Largo 13, MSL 13 e REP 1 CCS -, a indústria encerrou o mês de junho com um total de 126 carteiras negociadas em bolsa, uma a menos que o registrado no fim de 2014.
Ontem ainda foi o último dia de negociação na BM&FBovespa das cotas seniores e mezanino do fundo RB Capital Prime Realty II, que foi liquidado.