A Black Friday, que acontece na próxima sexta-feira, já é vista por bancos e corretoras como uma excelente ocasião para atrair novos clientes. As ofertas incluem redução do aporte inicial, retorno mais atraente, devolução de parte do valor (o chamado cashback ) e condições de crédito mais vantajosas. De acordo com especialistas, há boas oportunidades para quem quer investir, mas eles ressaltam que adquirir um produto financeiro por impulso pode trazer problemas mais à frente.
Nos bancos, é grande a oferta de títulos como Certificados de Depósito Bancários (CDBs), Letras de Câmbio, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Agrícola (LCA) com retorno maior. As instituições digitais adotam uma estratégia ainda mais agressiva.
— Fazemos Black Friday há três anos, e o evento vem crescendo. Aproveitamos o baixo custo para oferecer opções muito competitivas. Damos cashback e oferecemos inclusive mais que o rebate (comissão que as instituições recebem, por exemplo, para distribuir o fundo de uma gestora). Damos dinheiro mesmo, o que para nós é um investimento em marketing — afirma Alessandro Andrade, chefe do banco on-line Sofisa Direto.
Já as gestoras de recursos aproveitam a ocasião para atrair investidores ainda reticentes em relação a opções de maior risco, por meio da redução do valor do aporte inicial.
— Com os juros em baixa, diversificar se tornou necessário. Mas os investidores conservadores querem ir aos poucos. Assim, as gestoras dão a oportunidade de testar — diz Aline Sun, sócia da corretora Guide Investimentos.
Essas empresas observam que os investidores já esperam pela data para encontrar melhores oportunidades e aplicar em produtos antes fora do alcance do bolso.
— O movimento vem crescendo, e queremos oferecer mais a cada ano. Nossos parceiros estão conseguindo entender isso. Temos uma gestora, por exemplo, que diminuiu o valor mínimo de entrada de R$ 10 mil para R$ 500, somente nesta semana. E não é pegadinha, é só ver o prospecto do fundo. O objetivo, para eles, é captar investidores diferentes e diversificar — explica Fabio Macedo, diretor comercial da Easynvest.
Busque orientação - Em relação ao temor de pegadinhas, os órgãos de defesa do consumidor ainda não receberam reclamações relevantes referentes à venda de produtos financeiros durante a Black Friday. Mas eles alertam que é preciso entender que produto financeiro está sendo adquirido, além de analisar a real necessidade dele.
— É necessária uma preparação ainda maior para conseguir aproveitar essas oportunidades. Não é tão claro ver onde está o benefício, e a data cria um caráter de urgência de compra. É preciso ter muito claro o que está se comprando — ressalta Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Um dos problemas pode ser a falta de transparência do produto, ou ele não condizer com o perfil do investidor. Antes de tomar uma decisão, é aconselhável buscar orientação especializada.
— O setor financeiro pode aproveitar para empurrar produtos que não são necessários. Quem se sentir lesado deve procurar os Procons e fazer uma denúncia — afirma Renata Reis, coordenadora de orientação e atendimento do Procon/SP.