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19/03/2019

Banco Inter aposta no mercado imobiliário

Na comparação entre o desempenho desse mês em 2019 e 2018, o crescimento foi de 32,2%

Enquanto muitos setores ainda sentem dificuldades em deixar para trás a recessão, que comprometeu o crescimento nos últimos anos, outros já dão sinais de terem deixado a fase ruim, como o da construção civil. Os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) chegaram a R$ 5,1 bilhões em janeiro de 2019 (dados mais recentes divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, a Abecip). Esse foi o melhor resultado para o mês nos últimos quatro anos.

Na comparação entre o desempenho desse mês em 2019 e 2018, o crescimento foi de 32,2%. O acumulado em 12 meses mostrou que foram aplicados R$ 58,6 bilhões na aquisição e na construção de imóveis com recursos do SBPE — alta de 33,6% na comparação.

Essa volta do interesse pelo setor imobiliário tem refletido não só no crescimento dos valores contratados com recursos do SBPE e na recuperação dos preços de venda e de locação, como tem mostrado o acompanhamento feito pelo Índice Fipe Zap, mas também tem levado  bancos e fintechs a reavaliarem suas expectativas de ganhos com financiamentos para habitação em 2019.

Potencial - Em parte, as instituições são motivadas pela participação pequena dessa modalidade de empréstimo em relação ao PIB, que nos Estados Unidos chega a 80% e que por aqui ainda não alcança 10%.

O Banco Inter é uma das instituições financeiras que espera números bem melhores no segmento de empréstimos imobiliários neste ano, segundo Marco Túlio Guimarães, vice-presidente comercial. Hoje, sua carteira é de R$ 1,946 bilhão e representa o maior segmento de atuação. A atuação se divide entre a modalidade de crédito imobiliário (R$ 1,1 bilhão no financiamento imobiliário tradicional) e R$ 874 milhões na modalidade que envolve o imóvel como garantia de empréstimo, ou home equity.

“Essa modalidade está em alta e a tendência é de que aproveitemos a boa fase para surfar também. No ano passado, nossa carteira cresceu 30%, por isso, temos metas ousadas para este ano, com a previsão de uma expansão ainda maior”, diz Guimarães. Segundo o executivo, os produtos têm características diferentes. Um é opção para quem está adquirindo um patrimônio. Já no caso do refinanciamento, o cliente oferece o próprio imóvel, quitado ou financiado (com dívida pequena), e dá como garantia para tomar um empréstimo. Ambos servem de lastro para emissão de Letra de Crédito Imobiliário (LCI).

Capilaridade digital - Para acelerar o crescimento, o Banco Inter deve aproveitar a capilaridade que tem como instituição financeira digital para levar esses produtos a clientes de outros segmentos de negócio. Como a captação de novos clientes e a oferta de produtos são feitas pela plataforma on-line, o custo tende a ser menor do que o de concorrentes com estrutura física. Além disso, a instituição aposta na internet, por meio de ações em redes sociais, para ampliar o volume financiado. Hoje já são 1,5 milhão de clientes e a projeção é chegar a 3,5 milhões até o fim do ano, diz o vice-presidente.

“Fazemos a triagem desse cliente para ver se ele tem o perfil para contratar, por exemplo, o refinanciamento imobiliário. A partir daí é que se faz o contato pessoal. O consultor vai até ele e explica como é a operação. Não somos um banco que está vendendo todos os produtos, nós temos foco nesses produtos da área imobiliária”, conta o executivo.

Como o refinanciamento imobiliário ainda é pouco disseminado no Brasil, o Banco Inter aposta na preparação de especialistas para fazer a aproximação com os potenciais contratantes. Nesses contatos, o funcionário do banco explica, por exemplo, que é possível continuar morando no imóvel refinanciado. “Deixamos muito claro que o banco está emprestando recursos e não quer retomar o imóvel do cliente de volta, esperamos que ele fique conosco por muitos anos, que essa relação tenha vida longa.”

Linha verde - A tecnologia deverá ser uma aliada relevante no processo de crescimento do Banco Inter no setor imobiliário. Recentemente, a instituição criou uma espécie de “green line”, ou linha verde, nos mercados de São Paulo e Minas Gerais. Com o avanço do processo de registro eletrônico nos cartórios desses dois estados e um trabalho feito em conjunto com o banco, a aprovação dos financiamentos ganhou mais agilidade na sua tramitação.

“Desenvolvemos uma facilidade de contratação do produto e essa rapidez será importante para ajudar para ter menos fricção em um processo que costuma ser considerado desgastante, principalmente para os clientes. O crédito imobiliário costuma levar muito tempo, mas tem conseguido fazer uma disrupção”, explica.

Com a mudança de alguns procedimentos internos, o banco já consegue aprovar um financiamento imobiliário em até cinco dias, enquanto a média de mercado é de pelo menos 20 dias. No caso do home equity, o processo que levava até 12 dias hoje é feito em cinco dias. Agora, a expectativa é chegar até o final do ano com financiamentos aprovados dentro de um a dois dias. “Nessa mudança, tem sido cada vez mais importante o uso de tecnologia e muita inteligência”, completa Guimarães.

À medida que o refinanciamento imobiliário se tornar conhecido, Guimarães aposta que a modalidade substituirá outros produtos, como o crédito pessoal e o cheque especial, que muitas vezes acabam sendo a alternativa buscada pela pessoa jurídica para socorrer o caixa da empresa. Enquanto essas modalidades começam com juros a partir de 5% ao mês, para aqueles que optam pelo contrato com imóvel como garantia a taxa mensal no Inter é de 1,15%, enquanto que a média de mercado é de 1,5%.

Retomada do país - O aumento da concorrência, principalmente com o surgimento de fintechs, não chega a ser um motivo de preocupação, garante o executivo. Segundo Guimarães, o aumento do número de competidores no segmento, especialmente para o refinanciamento imobiliário, pode tornar o produto mais conhecido entre os brasileiros. “A gente gosta da concorrência. Quanto mais players, mais o produto vai ser difundido.”

Mas o empurrão que o vice-presidente espera na modalidade imobiliária deverá vir mesmo é do aumento da confiança dos brasileiros em relação ao futuro da economia brasileira. O Inter também opera na compra e venda de imóvel. Para Guimarães, esse conjunto de fatores macroeconômicos deve ser o alavancador do que ele chamna de “céu de brigadeiro” para o setor em 2019. “Todos se preparando para comprar imóvel, e o crédito imobiliário vai auxiliar nisso. Da mesma forma, acreditamos que a PJ vai precisar de capital de giro para atender a uma demanda de crescimento do país”, garante.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE