Por Ana Luiza Tieghi
De janeiro a abril de 2025, foram entregues na cidade de São Paulo 23,7 mil novos metros quadrados de escritórios, menos da metade dos 48,3 mil entregues no mesmo período de 2024, de acordo com a consultoria imobiliária CBRE. Ao se considerar apenas os ativos classificados como “AAA”, de padrão mais alto, não houve novas entregas no período.
Essa restrição da oferta tem contribuído para a queda das áreas vagas no mercado de imóveis corporativos, que desde a pandemia tenta se recuperar e encontrar seu lugar em meio ao trabalho híbrido ou remoto.
A taxa de vacância dos escritórios na cidade caiu de 20,3% em abril de 2024 para 18% no mesmo mês deste ano. A queda foi ainda maior nos escritórios de alto padrão, que passaram de uma vacância de 17,3% para apenas 12,6%.
Também há menos oferta porque quem produz esses imóveis está em compasso de espera, aguardando um momento oportuno para disponibilizá-los no mercado. Um exemplo é o empreendimento Esther Towers, que a EZTec constrói na Chucri Zaidan (zona sul). Ao final do primeiro trimestre, ele estava 67% concluído, ante 63% no final de março de 2024. O projeto tem duas torres e reúne, sozinho, 94 mil metros quadrados de área locável, ou quase quatro vezes o novo estoque entregue em São Paulo até abril deste ano.
A empresa já afirmou que está esperando uma companhia decidir alugar parte considerável de uma das torres para acelerar as obras e entregar o empreendimento. O objetivo da EZTec é entregar um dos prédios no final deste ano. Em teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre, nesta sexta-feira (16), o vice-presidente da incorporadora, Marcelo Ernesto Zarzur, afirmou que começou a haver mais interesse de locadores. “Estamos animados, já fomos procurados por umas cinco empresas”, disse, ponderando que o preço oferecido “não é o que sonhamos no lançamento do projeto”.
Além da oferta restrita de novos espaços, a queda da vacância tem ganhado força porque a locação de novas áreas está superando as devoluções de escritórios, e de forma crescente. O indicador que mede esse movimento, a absorção líquida, foi 23% maior entre janeiro e abril de 2025 do que no mesmo intervalo de 2024, e atingiu 107,4 mil metros quadrados locados. Nos ativos “AAA”, a absorção líquida chegou a 36 mil metros quadrados, valor 21% maior.
“O escritório agora é um ativo estratégico, que serve para conectar cultura, performance e imagem institucional”, afirma Felipe Giuliano, diretor de Locação, Healthcare e Pesquisa da CBRE Brasil. “Nesse cenário, a competição entre empreendimentos não será por metragem, mas por qualidade, diferencial técnico, infraestrutura e relevância de localização”.
Rio de Janeiro
A capital fluminense também tem visto melhoras em seus indicadores do mercado corporativo, mas a passos mais lentos. Por lá, não houve novo estoque entregue de janeiro a abril, mas isso não foi novidade de 2025. A cidade passa por um longo período sem novas entregas, motivado pela vacância ainda alta, mesmo nos ativos de padrão mais alto, o que limita a atratividade de novos empreendimentos.
A vacância na cidade caiu de 29% em abril de 2024 para 27,3% no mesmo mês deste ano. No Rio, os prédios de alto padrão não possuem a vantagem de ter uma vacância muito menor do que aqueles de demais padrão: as áreas vagas nesses empreendimentos mais qualificados passaram de 27,8% para 26,6%.
A absorção líquida nesses prédios tinha sido negativa no acumulado dos primeiros quatro meses de 2024, com 4,5 mil metros quadrados devolvidos. Neste ano, porém, foi positiva em 6 mil metros quadrados. A tendência também aparece no geral do mercado da cidade, onde a absorção cresceu mais de sete vezes, de 2,8 mil metros quadrados para 20,9 mil metros quadrados, mostram os dados da CBRE.