Por Rita Azevedo
O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, disse hoje que o IOF cobrado para aplicações acima de R$ 50 mil em planos de previdência é “absurdo” e um obstáculo para o desenvolvimento do setor.
“Colocar um IOF tão absurdo inviabiliza aplicar mais de R$ 50 mil em previdência porque haverá 5% de imposto sobre o que foi poupado numa vida inteira”, afirmou durante o evento Conseguro, realizado em São Paulo.
“Agimos na semana passada com reuniões com Ministério da Fazenda alertando do absurdo desta medida. Estamos otimistas que vamos encontrar uma saída para isso. Todo o setor produtivo se uniu porque claramente destruir a poupança de longo prazo do país não é o caminho”.
Oliveira também criticou a obrigatoriedade da compra de créditos de carbono com recursos da reserva técnica das seguradoras. “Não faz sentido a indústria de seguros ser chamada para investir seus ativos em maus investimentos: se fosse bom, não seria obrigatório”, afirmou.
Segundo ele, enquanto o mercado investe em inovações como seguros para carros e drones autônomos, robôs e fábricas automatizadas, precisa lidar também com temas como o aumento do IOF. “Definitivamente, esse não é um país para amadores”, afirmou.
Durante o discurso, Oliveira destacou também a necessidade de ampliar a educação financeira no país. Pesquisa apresentada durante o evento revelou que 80% da população não entende o termo “prêmio” em seguros e 50% desconhecem o significado de “apólice”. Para ele, o setor deve simplificar a linguagem e abandonar o “segurês” para facilitar o acesso e a compreensão dos consumidores.
Outro desafio apontado foi o risco climático, uma ameaça crescente para a indústria. Oliveira lembrou que o setor de seguros brasileiro esteve de fora das últimas edições da COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). “Estamos na 30ª edição da COP e nenhuma das 29
anteriores o setor de seguros foi mencionado. Estivemos ausentes desse debate que, curiosamente, começou a ser discutido na indústria que surgiu nos anos de 1970”, disse Oliveira. A entidade estará presente na edição deste ano, em Belém.
Alessandro Octaviani, superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), destacou a importância de um planejamento estratégico para enfrentar os desafios futuros, reforçando que o Brasil tem potencial para liderar discussões globais no setor. “Somos o Brasil e temos o dever de pensar grandiosamente”, afirmou.