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21/02/2017

Ampliação do Minha Casa promete elevar receita de fabricantes em 2017

Segundo ele, a ampliação do programa permite a entrada de famílias com renda mensal de até R$ 9 mil. Antes da mudança, o teto era de R$ 6,5 mil (faixa 3)

São Paulo - A ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida pode trazer aumento da receita da indústria de materiais de construção já em 2017. Mesmo assim, o segmento de base, fortemente dependente de imobiliário e infraestrutura, deve continuar retraído.

O programa de habitação do governo federal já chegou a representar 7% das vendas totais dos fabricantes, revela o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover. Essa indústria movimenta em torno de R$ 75 bilhões.

"Mas com a queda das contratações, hoje o Minha Casa, Minha Vida representa apenas 2% do faturamento dos fabricantes", disse Cover ao DCI. Segundo ele, a ampliação do programa permite a entrada de famílias com renda mensal de até R$ 9 mil. Antes da mudança, o teto era de R$ 6,5 mil (faixa 3).

"O MCMV não tinha atualização há muito tempo. Houve apenas uma correção da inflação", destaca Cover.

Com isso, o dirigente acredita que todas as faixas do programa devam resultar em 600 mil novas contratações nos próximos anos. "Com mais esse anúncio, a indústria deve ter uma compensação de parte da queda das vendas prevista para o primeiro semestre do ano."

No entanto, Cover salienta que o setor ainda enfrentará desafios neste ano. "Para todos os materiais, temos uma previsão de zero crescimento."

Ele frisa que o segmento de materiais de base tem sentido com mais intensidade os efeitos da crise econômica. "Esse desempenho se deve à queda mais forte dos mercados imobiliário e de infraestrutura."

No ano passado, o segmento de materiais de base, que inclui itens como cimento, argamassa e aço, recuou 12,9% em relação a 2015. "As vendas para construtoras apresentaram queda de cerca de 13% em 2016", comenta Cover.

Já as perspectivas para os mercados imobiliário e de obras de infraestrutura, neste ano, são negativas. De acordo com o presidente da Abramat, em 2017 as vendas da indústria para construtoras devem recuar de 3% a 4%, enquanto que as concessões previstas pelo governo federal só devem ter reflexos em 2018.

"Neste ano, a participação de obras de infraestrutura no faturamento do setor deve recuar consideravelmente."

Reformas - Para o analista de pesquisa da Euromonitor International, Elton Morimitsu, o cenário de incertezas ainda deve impactar, neste ano, o mercado de reformas, conhecido como "consumo formiga".

Com isso, ele destaca que a guerra de preços entre os fabricantes deve aumentar. "Diante da perspectiva de demanda ainda em baixa, a concorrência de preços deve crescer com os consumidores optando por versões mais baratas dos produtos", explica Morimitsu.

O presidente da Abramat conta que, historicamente, o varejo representou 50% das vendas da indústria. Contudo, no ano passado, esse percentual subiu para 55%. A expectativa é que esse mix de vendas se mantenha em 2017.

"Como não temos grandes expectativas em relação aos outros segmentos, essa proporção provavelmente se manterá neste ano. O varejo deve crescer de 1% a 2% em 2017."

Cover elenca três variáveis que afetam a demanda do varejo de materiais de construção: emprego, renda e crédito. "O ritmo de aumento do desemprego está desacelerando, o que traz um alento para quem ainda está empregado."

Além disso, com a queda da inflação, Cover acredita que há ganho real de renda. "O único fator que preocupa é o crédito, já que os bancos ainda se mostram seletivos devido à inadimplência", avalia.

Para este ano, o analista da Euromonitor acredita que o brasileiro continuará conservador. "O consumidor comprará apenas o necessário. Isso deve fazer com que muitos adiem pequenas reformas", esclarece Morimitsu.

Cover considera ainda que as recentes medidas do governo que incluem o anúncio da nova faixa 1,5 do MCMV, injeção de recursos para o Construcard e o lançamento do Cartão Reforma devem evitar um novo tombo da indústria.

"Os índices de confiança dos empresários e dos consumidores têm melhorado nos últimos meses e esse é um dado muito positivo", observa o dirigente. 

FONTE: DCI