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08/08/2018

Alta taxa de vacância no Rio derruba preço dos aluguéis

A taxa de vacância - percentual de imóveis vagos - continua em patamares recordes em ambos os segmentos, sem uma queda expressiva nos preços pedidos para aluguel

Depois de um início de ano animador, os mercados de escritórios de alto padrão e de condomínios industriais e logísticos terminaram o primeiro semestre praticamente estagnados no Rio de Janeiro, à espera da definição do cenário eleitoral e do início de uma recuperação da economia fluminense. A taxa de vacância - percentual de imóveis vagos - continua em patamares recordes em ambos os segmentos, sem uma queda expressiva nos preços pedidos para aluguel.

"O resultado em janeiro e fevereiro foi muito bom, tanto no segmento de escritórios como no de galpões industriais e logísticos. Em março e abril, houve uma desaceleração", compara Eduardo Cardinalli, diretor de transação imobiliária da consultoria Newmark Grubb no país.

Levantamento trimestral da Newmark indica que 41,7% dos escritórios de alto padrão na cidade do Rio de Janeiro estavam vazios no período entre abril e junho deste ano. O percentual é apenas ligeiramente maior que o registrado nos primeiros três meses de 2018 (41%) mas representa um avanço de seis pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2017 (35,7%).

A fragilidade da economia fluminense, duramente impactada pelo desemprego em alta e a crise fiscal do Estado, vem dificultando a recuperação do consumo no Rio. Esse tipo de limitação tem afetado as operações de distribuição do varejo e dos fornecedores de insumos para a indústria, o que se reflete na procura fraca por espaço em condomínios logísticos e industriais, esclarece Patrick Samuel, diretor da Newmark para o segmento. "No primeiro trimestre, havia até um certo otimismo", afirmou o executivo ao Valor.

De fato, a absorção líquida (total de área locada descontado o total de área devolvida) foi positiva entre janeiro e março, mas voltou ao território negativo no segundo trimestre (menos 23,5 mil metros quadrados). "As decisões [de investimento] estão sendo tomadas num ritmo mais lento e isto tem a ver com o quadro eleitoral", afirmou Samuel. "A greve dos caminhoneiros fez o ritmo cair mais ainda."

A taxa de vacância no segmento fechou o segundo trimestre de 2018 em 34,5%, contra 34,4% nos três meses imediatamente anteriores e 26,4% em igual período de 2017. "A absorção no Rio tem sido lenta e fraca ao longo dos últimos quatro a cinco trimestres", avalia Samuel.

Mesmo com a taxa de vacância num pico histórico, o valor médio pedido de aluguel por um escritório de alto padrão vem se mantendo praticamente estável no ano. O preço pedido por metro quadrado passou de R$ 91,60 no primeiro trimestre deste ano para R$ 90,40 nos três meses seguintes. Na comparação com o ano passado, no entanto, a flutuação foi mais expressiva - o preço médio recuou quase 12% entre o segundo trimestre de 2017 e o mesmo período deste ano.

"Em São Paulo, já se vê a taxa de vacância recuando e os preços reagindo. Se imaginarmos que a recuperação virá em 2019 e 2020, o Rio de Janeiro deverá melhorar entre 2020 e 2021", projeta Cardinalli, ressaltando que a velocidade da reação dependerá do desempenho do setor de óleo e gás, vital dentro da economia fluminense.

FONTE: VALOR ECONôMICO