Notícias

23/07/2015

A longa transição no mercado imobiliário

Queda ainda maior, de 18,6%, ocorreu na comparação entre os primeiros cinco meses de 2014 e de 2015,segundo reportagem do Estado (15/7, B4).

As informações mais recentes sobre o mercado imobiliário, em especial o paulistano, indicam que a crise continua sendo muito ampla, as vendas são inferiores ao esperado, os estoques são expressivos e a oferta de crédito é e persistirá insatisfatória. É o que mostram, por exemplo, os dados de maio do sindicato da construção (Secovi) e da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), apontando para um recuo de 20,5% nos lançamentos na capital em relação a abril (de 3 mil para 2,4 mil unidades) e de 6,9% em relação a maio de 2014. Queda ainda maior, de 18,6%, ocorreu na comparação entre os primeiros cinco meses de 2014 e de 2015,segundo reportagem do Estado (15/7, B4).

Entre as explicações para a crise destacam-se o aumento do desemprego, a queda da renda dos trabalhadores, as retiradas nas cadernetas de poupança, que reduzem a oferta de crédito para construtoras e mutuários finais, e, acima de tudo, a falta de confiança, pois nem famílias nem empresas apostam em melhora da economia nos próximos meses.

Mas a pesquisa do Secovi revela bem mais sobre as tendências. A velocidade das vendas sobre a oferta (VSO) é baixa (em maio foi de apenas 7,1% sobre a oferta de imóveis, ante 9,4% em maio de 2014). Em 12 meses, até maio, as vendas foram de apenas 39,7% da oferta, reveladoras de mercado com baixa liquidez.

A demanda se concentra nas unidades menores (um e dois dormitórios). E quando se incorporam dados sobre o valor geral de vendas (VGV), nota-se que, enquanto o VGV das unidades de um dormitório cresceu 282% entre maio de 2014 e de 2015, o das de dois dormitórios caiu 51%. É mais um reflexo da diminuição das áreas dos apartamentos. A conjuntura também é ruim para a produção e comercialização de unidades de três dormitórios.

Com baixa velocidade de vendas e estoques elevados (28,1 mil na capital, entre imóveis na planta, na construção e prontos), a retomada do setor tende a ser lenta. Para o futuro, teme-se que o Plano Diretor do Município encareça a construção, limitando os lançamentos.

As consequências são amplas, pois, se não for vendido e ocupado, o imóvel não será mobiliado – o que explica a queda das vendas de móveis e eletrodomésticos, de 2,1% de abril a maio e de 18,5% entre maio de 2014 e de 2015, segundo o IBGE.

O mercado imobiliário depende de mais renda, emprego, crédito e confiança para a retomada. Não é pouca coisa. 

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO - B2