Eduardo Cucolo / BRASÍLIA
Josette Goulart / SÃO PAULO
No mês passado, o saldo foi positivo em R$ 11,2 bilhões, o maior valor para todos os meses de dezembro da série histórica do Banco Central, iniciada em janeiro de 1995. No ano em que grande parte dos investimentos em Bolsa de Valores e renda fixa apresentou rentabilidade negativa ou abaixo da inflação, a correção da poupança superou vários índices de preços.
A caderneta rendeu 5,85% em 2013, perdendo apenas para o dólar (15,5%) entre as aplicações mais populares. Não à toa, a captação líquida dos fundos de investimentos foi menor do que a da poupança neste ano.
Outra aplicação que ficou paratrás foi o Certificado de Depósito Bancário (CDB). Segundo dados do Banco Central de janeiro a novembro, o saldo de CDBs caiu em quase R$ 60 bilhões em 2013.
Esse "entra e sai" de recursos em diferentes tipos de aplicações é importante para os bancos definir em estratégias de crédito. Isso porque os bancos captam o dinheiro de um investidor, seja em um CDB ou seja na poupança, ena outra ponta emprestam estes mesmos recursos para quem busca financiamento. No caso da poupança, o dinheiro precisa, por regra do BC, ser direcionado principalmente ao crédito imobiliário. A captação recorde registrada em 2013 foi, portanto, uma boa notícia para os bancos que estão focados em emprestar para quem quer comprar imóveis. Quando o crédito imobiliário estava crescendo a um ritmo de 45% ao ano, havia uma preocupação de que os recursos da poupança não seriam suficientes para financiar essa expansão.
De acordo com o presidente da Associação das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip), Octavio de Lazari Junior, o saldo da poupança cresceu 20% em 2013 e o crédito imobiliário, 30%. "Neste ritmo, os bancos terão recursos para financiar a compra de imóveis por mais três ou quatro anos", diz Lazari.
Entre os bancos, o "campeão" da poupança foi a Caixa. O diretor de clientes de varejo da Caixa, Édilo Valadares, diz que o banco, responsável por cerca de um terço desses depósitos, espera bater novo recorde em 2014. "Em 2013, teve um cenário de muita incerteza com fundos. E a poupança, pelas características de segurança e liquidez, continua sendo um porto seguro para quando você tem qualquer movimento de flutuação em outros investimentos", afirmou.
Rentabilidade
O aumento promovido pelo BC na taxa básica de juros (Selic) em 2013 e a expectativa de novas elevações já contribuíram para elevar em quase 50% a remuneração dos depósitos. No início de 2013, as aplicações feitas dentro da regra criada emmaio de 2012 chegaram ao piso de 0,4% ao mês. Agora, a poupança com aniversário no começo de 2014 apresenta retorno mensal de 0,6%.
O aumento no índice de correção da poupança é explicado pelo fim da aplicação da regra criada pelo governo Dilma Rousseff no momento de Selic em baixa. A regra mudava o rendimento da poupança para 70% da taxa Selic mais TR (Taxa Referencial) para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012, desde que a Selic fosse igual ou menor do que 8,5%.
No entanto, como a tendência da Selic foi invertida, essa regra deixou de ser aplicada desde setembro do ano passado. Está em vigor, portanto, a regra "clássica" para corrigir a caderneta: 0,5% ao mês, mais TR.