O volume de empréstimos para a construção e aquisição imobiliária disponibilizados no país pelas instituições financeiras somaram R$ 53,1 bilhões durante o primeiro semestre. De acordo com estudo divulgado em julho, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o montante reflete crescimento de 7% em comparação com o mesmo período de 2013. Até o final do ano, a expectativa é alcançar R$ 126 bilhões, com alta de 15% em concessões de crédito acima do recorde registrado no ano passado de R$ 109,2 bilhões em empréstimos.
Marcado pelo menor ritmo de alta, o mês de junho apresentou recuo do volume de crédito de 7% em relação a maio, registrando R$ 9 bilhões e queda de 19% sobre junho de 2013. Segundo o presidente da Abecip, a Copa do Mundo e a diminuição dos dias letivos contribuíram por uma estagnação do mercado imobiliário. "O país praticamente parou em junho. Se tivéssemos mantido o mesmo desempenho de junho de 2013, fecharíamos o semestre com alta de mais de 11%".
Expectativa de alta - Apesar do desaquecimento de junho, o desempenho de empréstimos concedidos é considerado a abertura de portas para o aumento da demanda de imóveis, além da perseguição dos números conquistados em 2013. Gerente comercial da Emplavi, Wilson Charles enfatiza atrativas condições de empréstimos para construtoras e pessoa física interessada em adquirir imóveis. "O aumento de 7% no crédito imobiliário significa crescimento na demanda por imóveis, particularmente os novos, em razão dos estoques ainda existentes no mercado do DF e a necessidade de as empresas negociarem melhor para a comercialização. À medida que há mais crédito, com taxas de juros atrativas, há uma maior propensão à compra do imóvel, seja para sair do aluguel, fazer um upgrade ou até a compra para fazer patrimônio a longo prazo", acrescenta.
Wilson Charles realça a importância da participação das instituições financeiras sobre operações de fornecimento de recursos para investimentos e pungência voltados ao setor da construção e imóveis. "Se for mantida a austeridade para aprovação e oferecer taxas de juros cada vez mais atrativas, o crédito imobiliário vai ser o grande alavancador do nosso mercado. Ele motivará a compra do imóvel até daqueles mais conservadores que ficam esperando anos juntando o dinheiro para comprar à vista, além daqueles que já estão propensos à compra", completa Wilson.
Considerado uma das grandes promessas em termos de moradia ecologicamente correta, o Setor Noroeste ganha força nas palavras de Wilson Charles como região a ser beneficiada com programas de crédito imobiliário para a população e empresas especializadas na construção civil. "As projeções futuras para o mercado são muito positivas, principalmente na área do setor Noroeste. Já estamos percebendo um grande movimento de pessoas vendendo os seus imóveis mais antigos em outras áreas e migrando para o setor que significa o mais atualizado conceito de moradia do Distrito Federal e certamente um dos mais importantes do país", finaliza.
Negociação em alta - O levantamento divulgado pela Abecip ainda aponta que, entre janeiro e junho deste ano foram financiados 256,1 mil empreendimentos, 4,6% acima do mesmo período de 2013, quando foram financiados 244,8 mil imóveis. Em ambas as estatísticas foram utilizados recursos das cadernetas de poupança no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Diretor de Crédito Imobiliário da MRV Engenharia, Cristiano Chiab, disse que a disponibilização de crédito para o setor é recente, e possui potencial de crescimento, inclusive em comparação a países vizinhos. "Tendo maior crédito, maior será a facilidade para aquisição de imóveis. Quanto maior a demanda, maior o volume de lançamentos", destaca o diretor de crédito.
Apesar da retração da concessão de crédito registrada em junho, a caderneta de poupança continua com captação líquida positiva em R$ 8,3 bilhões durante o primeiro semestre. Para o presidente do Sindicato da Habitação do DF (Secovi-DF), Carlos Hiram, o crescimento do volume de empréstimos e o saldo positivo da poupança são reflexos de políticas públicas como estímulo à economia do setor. "Alguns motivos levaram ao crescimento do crédito imobiliário brasileiro, como a redução dos juros; diminuição no desequilíbrio dos contratos; novas modalidades e prazos de financiamentos; segurança jurídica proporcionada pela alienação fiduciária; aumento da renda da população e política governamental.
Carlos Hiram enfatiza a relevância do crédito habitacional como mola propulsora ao setor da construção civil e imobiliário. Para ele, existe espaço da representatividade dos empréstimos acima de 8,81% na participação perante o Produto Interno Bruto (PIB) nacional.