Circe Bonatelli
Os empréstimos para compra e para construção de imóveis totalizaram R$ 109,2 bilhões em 2013, montante recorde no País e 32% superior aos R$ 82,8 bilhões registrados em 2012. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Os números consideram comente os financiamentos bancários com recursos provenientes das cadernetas de poupança. Pelas regras estabelecidas pelo Banco Central, 65% do saldo do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) deve ser direcionado para o crédito imobiliário.
O avanço de 32% em 2013 ante 2012 ficou acima da alta de 3,6% na comparação de 2012 ante 2011. O resultado superou as projeções iniciais da Abecip, que háumano estimava expansão entre 15% e 20% no volume de financiamentos de 2013.
Entre janeiro e dezembro de 2013 foram financiados 529, 8 mil imóveis, 17% acima das 453,2 mil unidades contratadas no mesmo período de 2012.
Em dezembro, o volume de empréstimos somou R$10,4 bilhões, 2,3% acima do resultado de novembro, e 17% acima do registrado no mesmo mês de 2012. Em dezembro, foram financiadas aquisições e construções de 50,9 mil imóveis, com alta de 7% em relação a novembro. Comparado a dezembro de 2012, o crescimento foi de 19%.
De acordo com dados do Banco Central mencionados na pesquisa da Abecip, no mês de dezembro, os depósitos nas cadernetas de poupança superaram os saques em R$ 8,3 bilhões. No ano, a captação líquida das contas de poupança foi positivaem mais de R$54 bilhões, resultado 46% superior ao montante observado em 2012.
Com isso, o saldo dos depósitos de poupança no SBPE superou os R$466 bilhões em dezembro, mostrando elevação de 20% em relação ao saldo do final de 2012.
EXPECTATIVA
Os financiamentos para compra e aquisição de imóveis em 2014 deverão ter um crescimento mais moderado do que em 2013, projeta a Abecip. A associação estima alta de 15% nos empréstimos neste ano, totalizando R$ 126 bilhões. Em 2013, o crescimento foi de 32%, para R$ 109 bilhões.
Os resultados do ano passado foram impulsionados pelos financiamentos à pessoa física, que tiveram alta de 41%, totalizando R$76,9 bilhões. Já o crédito para empresas se recuperou e atingiu elevação de 15%, para R$ 32,2 bilhões. Em 2012, o crédito para consumidores havia subido 22%, enquanto para empresas teve queda de 20%.
Os dados também apontam inadimplência de 1,8% na carteira de crédito imobiliário. O resultado é o menor do sistema bancário, seguido por crédito pessoal (4,0%), veículos (5,3%) e cheque especial (8,1%). Até novembro, o crédito imobiliário representava 8,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
ECONOMIA
A elevação da taxa básica de juros (Selic) terá um efeito limitado, de até 0,5 ponto porcentual, sobre os juros dos financiamentos imobiliários, segundo estimativa do presidente da Abecip, Octavio de Lazari Júnior. Ele lembrou que a maioria dos empréstimos usam recursos das cadernetas de poupança, atualizados pela TR e pouco influenciados pela Selic.
"Os bancos já fizeram seu planejamento para 2014, e a carteira de crédito imobiliário tem mostrado cada vez mais importância", afirmou. O apetite dos bancos por essa carteira é justificado pela fidelização do cliente por vários anos e pelos baixos níveis de inadimplência.
A briga pelas taxas, no entanto, pode provocar alguma compressão nas margens, admitiu Lazari. "De fato, pode acontecer de os bancos não aumentarem as taxa de juros por causa da concorrência pela carteira e reduzirem seu spread. Mas aí é preciso haver competência dos bancos para reter esse cliente (do financiamento imobiliário) e obter um spread maior no conjunto da obra", disse, referindo se à oferta de outros produtos e serviços com margens mais folgadas.