ABECIP na mídia

31/01/2019

Poupança tem maior captação líquida entre conservadores

A poupança fechou o ano com captação líquida (entrada de recursos menos saída) de R$ 32,26 bilhões, quase 90% superior aos R$ 17,12 bilhões de 2017, segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança)

Mesmo com a chegada das startups de investimentos (fintechs) para facilitar e baratear as aplicações online, a caderneta de poupança ainda continua atraindo muitos investidores. Ela atraiu mais recursos em 2018 do que outras aplicações conservadoras, como os fundos de renda fixa e o título público mais vendido pelo Tesouro Direto, o Tesouro Selic. Só perdeu para a captação líquida dos fundos multimercados, com maior risco.

A poupança fechou o ano com captação líquida (entrada de recursos menos saída) de R$ 32,26 bilhões, quase 90% superior aos R$ 17,12 bilhões de 2017, segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

Enquanto isso, os fundos de renda fixa registraram mais saída do que entrada de recursos (captação líquida negativa). O resgate líquido desses fundos somou R$ 12,86 bilhões no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Em relação ao Tesouro Selic – o mais procurado em 2018 –, o papel registrou venda líquida de R$ 2,6 bilhões no ano passado, de acordo com balanço do Tesouro Direto.

De cada 10 pessoas, 6 escolheram a poupança para guardar o dinheiro em 2018, segundo pesquisa feita Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

“A escolha pela poupança pode ser sinal de comodismo ou falta de informação das pessoas em relação a outros produtos mais rentáveis”, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

A remuneração prevista para a caderneta de poupança é a Taxa Referencial (TR) mais 70% da Selic (quando esta estiver abaixo de 8,5%). No entanto, nos últimos cinco meses, a TR está em 0%. Assim, o que era para ser TR mais 70% da taxa Selic vira apenas o percentual da Selic. No momento, não há perspectivas de mudança, explica o professor de finanças da FGV EAESP, César Caselani. “O rendimento acumulado em 2018 foi em torno de 4,62% em 2018”, diz.

Quando descontada a alta de preços no país em 2018 – inflação estimada em 4,32% – do rendimento da poupança (4,62%), o  ganho real do dinheiro aplicado é bem pequeno, mesmo estando livre da incidência do Imposto de Renda, explica o professor da FGV.

Segundo o analista de investimentos da corretora Genial, Filipe Villegas, quem fez uma aplicação inicial na caderneta de poupança em janeiro de 2018, no valor de R$ 100,00, acrescido de outros depósitos mensais de R$ 100,00 ao longo do ano, acumulou o total de R$ 1,3 mil no fim de 2018. O rendimento foi de R$ 29,64, equivalente a 2,28% do capital investido.

Há opções mais rentáveis, com baixo custo. No entanto, falta interesse, pesquisa e conhecimento (educação financeira) por parte das pessoas.  A mesma aplicação no Tesouro Selic – título público atrelado à taxa Selic no site do Tesouro Direto –, de R$ 100,00, somada aos aportes mensais de R$ 100,00, teria o rendimento de R$ 42,21 (3,25% do capital investido) no fim de 2018. Lembrando que, após dois anos de permanência na aplicação o imposto sobre o rendimento é de 15%. “O tesouro Selic, mesmo com taxas de juros em níveis baixos, consegue superar a rentabilidade da poupança”, afirma Villegas.

Para o CEO da plataforma de investimentos Warren Brasil, Tito Gusmão, além do fator cultural, outro motivo que leva as pessoas para a poupança é o comodismo — os recursos depositados na conta do banco frequentemente são aplicados diretamente na poupança. Ou, então, a pessoa só tem uma conta poupança sem custo.

FONTE: VALOR ECONôMICO