Anchieta Dantas Jr.
Os empréstimos para a compra e construção de imóveis cresceram cerca de 46% no Ceará, em 2013, na comparação com o ano anterior, segundo balanço divulgado ontem pela Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No ano passado foram financiados aproximadamente R$ 2,16 bilhões para o setor no Estado, ante R$ 1,48 bilhão em 2012. Já o número de imóveis financiados aumentou 19,4%, saindo de 8.761 para 10.458 unidades em igual período.
Em ambos os indicadores, os resultados contabilizados no Ceará superaram as médias nacionais e mostraram a aceleração da atividade imobiliária local, conforme explica o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-CE), André Montenegro. "Em 2012, as construtoras se prepararam, readequaram a sua capacidade de produção e concluíram o que estava em andamento. Tanto que 2013 foi um ano de muitos lançamentos. Feito que deve se repetir também em 2014", justifica.
Além disso, avalia, o consumidor cearense está mais confiante, aproveitando o momento. "Existe uma demanda reprimida muito grande que combinada com a maior oferta de crédito, com prestações que cabem no bolso, fez com que mais pessoas comprassem imóveis no ano passado", emenda Montenegro.
Segundo a Abecip, os dados consideram apenas os financiamentos bancários com recursos provenientes das cadernetas de poupança. Pelas regras do Banco Central, 65% do saldo do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) deve ser direcionado pelos bancos para o crédito imobiliário.
NO PAÍS
Já em âmbito nacional, o número de imóveis financiados com recursos da poupança cresceu 17% em 2013. No ano passado, foram financiadas a aquisição e a construção de 530 mil imóveis ante 453 mil em 2012. Em valores, a elevação foi de 32%, para R$ 109,2 bilhões, o que representa recorde histórico.
Para o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Junior, emprego, confiança do consumidor, renda e inadimplência baixa - de 1,8% do total dos contratos - foram os principais fatores para o crescimento do crédito imobiliário no Brasil. A expectativa da entidade é que o volume de crédito cresça 15% em 2014, para R$ 126 bilhões.
ENDIVIDAMENTO
Segundo Lazari, o crédito imobiliário era responsável por 3% do endividamento das famílias em 2005 e passou a representar 15% em 2013. Apesar da alta, ele afirma que o ritmo de avanço do crédito imobiliário é sustentável no País.
Um dos principais motivos, de acordo com Lazari, é que boa parte dos tomadores de crédito são pessoas que pagavam aluguel e deixaram de arcar com essa mensalidade, não captada pelas estatísticas.