Nayana Siebra
O número de imóveis financiados no Ceará com recursos da poupança registrou nova queda. Os dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que 302 unidades foram financiadas a menos em maio de 2015 na comparação com igual mês do ano passado. Os valores envolvidos nas transações de maio também reduziram e passaram de R$ 320,1 milhões, em 2014, para R$ 183,4 milhões, neste ano, uma queda de 42,7%.
A diminuição dos créditos concedidos também foi percebido na comparação entre maio e abril de 2015. Em números absolutos, a quantidade de imóveis caiu de 1.060, no quarto mês do ano, para 1.031. O montante envolvido foi de R$ 198,9 milhões, em abril, para R$ 183,4 milhões em maio.
O acumulado do ano no Estado revela que o cenário de redução de financiamentos com recursos da poupança segue abaixo do contabilizado no último ano. Nos cinco primeiros meses de 2015, foram financiados 3.948 imóveis no Ceará, movimentando R$ 808,7 milhões. Em igual período de 2014, 5.262 unidades usaram crédito da poupança, somando R$ 1,1 bilhão.
Maior queda - O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, afirma que essa redução é a maior dos últimos anos e a atribui a dois fatores. Segundo ele, as pessoas estão precisando mais do dinheiro da poupança, e a caderneta está perdendo competitividade em relação a outros investimentos financeiros.
"Algumas pessoas perderam emprego, estão precisando de dinheiro. A poupança também está perdendo competitividade para outros investimentos financeiros. Isso atinge diretamente o mercado imobiliário, pois a poupança é nossa principal fonte de medidas", avalia o presidente. Para Montenegro, o aumento dos juros não é o fator mais preponderante nessa queda do número de créditos. Ele explica que os juros dos imóveis são diluídos no financiamento que, geralmente, são longos e, por isso, a população não sente tanto.
"O problema é não ter recursos para fazer o financiamento. A retração restringe o crédito. Você vai até uma agência bancária e não tem dinheiro para financiar imóveis, principalmente, acima de R$ 70 mil", explica André Montenegro.
Questionado sobre a projeção para o futuro da quantidade desses financiamentos com recursos da poupança, André Montenegro afirma que é difícil fazer um planejamento.
O presidente pondera que tudo ainda é uma incógnita e reforça a ideia de que o governo precisa fazer sua parte. "O futuro é uma incógnita. Eu ainda insisto no que o governo faça o dever de casa. Ele está exigindo um sacrifício muito grande de quem produz e não estamos vendo retorno", acrescenta.