A Letra Imobiliária Garantida (LIG), o covered bond brasileiro, é imprescindível para o mercado imobiliário, mas por si só não pode ser um motor nem resolver o problema de funding do segmento, que tem sofrido com os saques da poupança, segundo Paulo Eduardo Waack, diretor de Tesouraria do Bradesco. “Vejo a LIG com muito bons olhos e uma oportunidade de ter um funding mais barato no longo prazo, mas sob a ótica de crédito imobiliário, não vejo como um motor. A LIG precisa de lastro e para isso o crédito tem de crescer mais”, avaliou ele, em evento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Segundo ele, um maior crescimento do crédito imobiliário só será possível quando se retomar a confiança na economia brasileira em uma intensidade que estimule a demanda pela compra de imóveis. “A volta da confiança vai ser motor para o crédito imobiliário. Está no horizonte. Precisamos de funding estável e barato para manter crescimento do crédito imobiliário”, acrescentou Waack.
Também presente no evento, Sérgio Lima, diretor de funding proprietário do Itaú BBA, explicou que a transparência e a estrutura da LIG contribuem para a redução do custo de captação deste instrumento. Acrescentou, contudo, que somente com a inflação e curva de juros sob controle será possível o papel decolar no Brasil.
Sancionada em janeiro último, a LIG é um instrumento de captação bancária com dupla garantia: os imóveis lastreados no título e ainda do próprio banco emissor. No entanto, carece de regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN), ainda sem data para ocorrer.